Como usar o ChatGPT para criar conteúdo

O potencial de mercado da nova versão o ChatGPT-4 é enorme, mas será que dispensa mesmo a criatividade ou supervisão humana? Saiba como usar o ChatGPT para criar conteúdo sem cair em ciladas.

Lançado ao público no final de 2022, o ChatGPT tem transformado a velocidade em que se produz uma variedade de conteúdo. A ferramenta geracional e conversacional atende às solicitações dos seus usuários na produção de textos, interpreta imagens, lê prints de telas e produz roteiros, códigos de programação e até legenda de fotos.

Segundo estimativas, o ChatGPT passou pelas mãos de 100 milhões de usuários mensais apenas dois meses depois do seu lançamento – feito nunca alcançado nessa velocidade na história dos aplicativos.

Nem precisa dizer o quanto isso abalou as enormetechs (acabamos de inventar esse termo). Google, Alibaba, Meta… todo mundo está se mexendo para criar ferramentas capazes de concorrer com a menina dos olhos da Microsoft/OpenAI. A propósito, a Microsoft já implementou a tecnologia no chatbot do buscador Bing, além de já estar utilizando no Cortana.

Muitas empresas estão aderindo ao ChatGPT para realizar tarefas, mas assim, desse jeito, só pagando. Para usuários comuns, ela sai por US$ 20 por mês, mas ainda não se sabe precisamente qual o investimento quando se trata de grandes projetos corporativos.

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Quais conteúdos podem ser gerados com o ChatGPT?

Mesmo com questões técnicas a serem revisadas e alguns problemas que comentaremos mais à frente, a ferramenta já se provou útil de muitas formas, principalmente se ela estiver sendo utilizada em um ambiente controlado, com conteúdo revisado e sendo treinada constantemente.

De qualquer forma, ainda não foi dispensada a edição do conteúdo por uma pessoa. Ou seja, pode-se vislumbrar um horizonte para criação de novas profissões na área de conteúdo produzido por inteligências artificiais.

Mas chega de bla-bla-blá. Vamos ver como usar o ChatGPT para criar conteúdo e fazer diferença na sua estratégia:

1) Acessibilidade

O BeMyEyes é um aplicativo de processamento de imagens para auxiliar a vida de quem deficiência visual. Ele ajuda nas tarefas do dia a dia, esclarecendo dúvidas e identificando objetos em geral para a pessoa. Os usuários do aplicativo dependiam de ter alguém online para receber assistência. O recurso de processamento de imagem do ChatGPT-4 vai cumprir essa função dentro do app, ininterruptamente. Antes, essa função era realizada por voluntários cadastrados na plataforma.

2) Aplicativos de Idioma

A empresa Duolingo iniciou uma parceria com a OpenAI para o uso do ChatGPT na modalidade conversacional. Os assinantes da modalidade pagam o aplicativo e recebem o acesso a explicações mais completas sobre os exercícios executados pelos usuários. Além disso, os usuários poderão praticar o idioma com um chatbot que simula uma conversa natural. Para quem quiser conferir, os recursos são “Explain my Answer” e “Roleplay”.

3) Atendimento

Por meio de uma integração ao portal do fornecedor, a ferramenta de Inteligência Artificial pode se treinada para responder dúvidas e resolver problemas dos consumidores com fluidez. A promessa é que ela torne os processos mais rápidos e a experiência no atendimento muito melhor.

4) Marketing

A ferramenta tem a capacidade de criar conteúdo para a área de comunicação da empresa. Exemplos são peças publicitárias, e-mail marketing, descrição de produtos para e-commerce ou marketplaces, além de roteiros e outros tipos de texto.

Se o ChatGPT estiver utilizando informações apuradas e em ambiente controlado, os profissionais de comunicação terão a responsabilidade de fazer ajustes na linguagem e trazer mais vida para a produção textual. Se o conteúdo for produzido por meio da ferramenta gratuita, além dos ajustes será necessário apurar as informações trazidas, pois pode haver erros.

6) Programação

É possível “codar” uma infinidade de linguagens de programação com a Inteligência Artificial da OpenAI. É necessário, no entanto, que a base de dados utilizada pelo ChatGPT tenha sido nutrida com os parâmetros adequados. A ferramenta tem cumprido um papel muito importante ao otimizar o tempo de desenvolvimento de códigos, consequentemente economizando tempo e economizando investimentos na produção de produtos tecnológicos.

Para ter uma ideia, Greg Brockman, presidente e co-founder da OpenAI, demonstrou como o ChatGPT-4 pode criar uma página em HTML tendo um rascunho feito em papel como ponto de partida.

7) Textos técnicos

Por meio da API do ChatGPT a ferramenta pode ser integrada ao sistema das empresas e ter acesso aos dados necessários para produzir textos técnicos com alto grau de confiabilidade. A tecnologia de IA da OpenAI foi utilizada para ajudar na redação de pontos técnicos do ebook “Real Estate Tokenization – a comprehensive guide”.

Segundo Helena Margarido, COO da Kodo Assets, “usar o ChatGPT nos ajudou muito, mesmo tendo que criar a roteirização, definição de tópicos, conteúdos e, principalmente, treinar o robô. Facilitou o nosso trabalho porque, uma vez que a Inteligência Artificial estava treinada e não precisamos fazer boa parte dos conteúdos do zero”.

Mas a coisa não é só mil maravilhas…

Precisamos conversar. As questões de falta de ética na produção feita pelo ChatGPT e a baixa confiabilidade de algumas informações, segundo a empresa, estão sendo equalizadas. A versão 4 vem com menos problemas nesse sentido do que as anteriores, mas as questões ainda não foram superadas. Há uma grande chance de informações incorretas passarem por um olhar mais apressado e menos atento, pois elas parecem reais – principalmente na versão free.

O doutor em microbiologia e produtor de conteúdo Átila Iamarino fez pessoalmente alguns testes na ferramenta gratuita. Em um deles, ele pede para o ChatGPT produzir a bibliografia de determinado assunto e os resultados foram bem convincentes… até ele checar as publicações.

Como o sistema combina resultados, ele trouxe uma espécie de Frankenstein bibliográfico: nome de um, livro de outro, página aleatória. Você pode conferir o vídeo completo aqui nesse link.

Aqui não, violão

Nos Estados Unidos, o maior banco do país, o JPMorgan Chase, restringiu, pelo menos por ora, o uso da ferramenta pelos funcionários. Embora não tenham comentado o assunto, presume-se que o fato de lidar com dados sensíveis e confidenciais impôs mais cautela da instituição.

Quem aqui lembra da notícia sobre um bug na ferramenta que expôs partes de conversas para os usuários do ChatGPT? A empresa contornou, mas não tem como negar que ainda tem chão para deixar tudo redondinho.

O Centro de Inteligência Artificial e Política Digital (CAIDP, em inglês), protocolou um documento junto à Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) para que o GPT-4 seja investigado, por representar um potencial risco à sociedade. O argumento é sustentado pelo fato do GPT-4 permitir a produção de malwares e apresentar, de saída, falhas catastróficas de privacidade.

Na Europa, a Itália abriu uma investigação sob suspeita do aplicativo estar violando regras de privacidade, além de exigir o cumprimento das boas práticas de proteção de dados.

Para lembrar

Ninguém quer ou deve demonizar a ferramenta. Ela vai revolucionar a forma como se trabalha, algumas funções serão extintas e outros postos de trabalho serão criados – como sempre acontece em profundas revoluções e evoluções.

O mais importante nessa transição é não se deslumbrar: verifique as informações, leia criticamente e observe se o conteúdo produzido é atraente ou apenas um amontoado de frases batidas. A criatividade humana, a sensibilidade e a empatia na comunicação ainda não estão ao alcance da Inteligência Artificial. Ainda.

Embora haja desafios e riscos, o ChatGPT-4 é uma ferramenta inovadora como há muito não se via. Com o uso correto e ético dele, é possível mudar completamente a eficiência, produtividade e qualidade do conteúdo em geral.