Descubra os 4 arquétipos de líderes de tecnologia e saiba como impulsionar sua carreira, pois liderança vai além do gerenciamento de pessoas.

Existe algo de muito estranho quando se fala sobre liderança. Na maioria dos casos, o perfil do líder ideal é aquela pessoa capaz de delegar, dando autonomia para seu time, com muito respeito às pessoas e a capacidade de agir sempre com empatia, criando ambientes bastante positivos nos quais a criatividade cria asas. Mas, se é assim, o que explica o sucesso de líderes como Steve Jobs e Elon Musk, que ficam bem longe desse perfil “líder paizão”?

Em sua apresentação no PHP Community Summit, um evento organizado pela Locaweb com coparticipação do PHPSP, Eduardo Matos, fundador da Escola Forja, autor do livro “De Dev a Tech lead” e host do podcast Tech Leadership Rocks, trouxe que o conceito tradicional da liderança ideal é falho, porque não leva em conta o que realmente importa para o sucesso dos líderes: obter resultados. “Muitos líderes não têm um componente humano que salta aos olhos. Steve Jobs, por exemplo, com frequência era arrogante, grosseiro e microgerenciava suas equipes. Mesmo assim, levou a Apple a resultados extraordinários”, comenta. “E o que importa para o sucesso, no fim das contas, é obter sucesso. E ele pode ser alcançado por vários caminhos”, acrescenta.

Como disse John Maxwell, autor do clássico As 21 Leis Irrefutáveis da Liderança, a única coisa que você precisa saber sobre liderança é que há mais de uma coisa que você precisa saber. “Existem vários tipos de liderança – e cada um funciona à sua maneira”, resume. Para Matos, é possível ter um perfil muito técnico e ser um bom líder, da mesma forma como é possível ser muito direcionado a resultados e levar o time todo a chegar lá. “Toda liderança gera resultados na ponta, não importa o que aconteça no meio do caminho. É por isso que encontramos diversos tipos diferentes de líderes”, comenta.

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    Eduardo Matos elenca 4 arquétipos principais dos líderes de tecnologia. São eles:

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      1) Tecnólogo

      O líder tecnólogo tem a tecnologia como a prioridade número um. “Ele vai pensar, em primeiro lugar, em questões como a arquitetura de software, a elegância do código, qualidade, escalabilidade e organização técnica”, comenta Matos. Com isso, muitas vezes a aplicabilidade do software ou da tecnologia fica em segundo plano.

      No lado positivo, o líder tecnólogo estimula que a arquitetura e a documentação do software sejam excelentes, com o desenvolvimento de aplicações de boa escalabilidade. As integrações serão funcionais e os códigos poderão ser entendidos facilmente, pois são organizados de maneira lógica.

      Por outro lado, como esse é um líder focado principalmente nas questões técnicas, corre-se o risco de não se pensar tanto no cliente e nos benefícios para o negócio, além de alienar pessoas no processo de desenvolvimento técnico. Entre os exemplos de líderes tecnólogos encontramos o criador do Linux, Linus Torvalds, e Elon Musk.

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      Eduardo Matos, fundador da Escola Forja e autor do livro “De Dev a Tech lead, fala sobre os principais arquétipos de liderança na tecnologia no PHP Summit 2023. Foto: Renan Facciolo

      2) Humanista

      É o perfil tradicional de líder, que coloca as pessoas em primeiro lugar. Ele certifica-se de que exista um bom ambiente de trabalho na empresa, com pessoas engajadas e linhas de comunicação muito abertas. “Para o líder humanista, o resultado dos negócios depende principalmente de entender quem são as pessoas. É um líder que coloca o ser humano à frente de tudo e tem mais empatia e compaixão”, explica Matos.

      Com um perfil como esse, as empresas lideradas por líderes humanistas têm um ambiente de trabalho mais saudável, em que as pessoas têm melhores relações, gostam do que fazem e lidam bem umas com as outras. É um local de acolhimento, que diminui o turnover de funcionários.

      O grande risco do líder humanista é ser tão compreensivo e empático que se torna complacente, prejudicando os resultados do negócio. “É importante ser humanista, mas dando a prioridade certa para o business”, afirma o especialista. Um bom exemplo de líder humanista é Tony Hsieh, o fundador da Zappos.

      3) Processual

      Para o líder processual, seguir processos bem definidos é a principal prioridade. “É um líder que torce o nariz para quem quer fazer as coisas de qualquer maneira, sem seguir protocolos testados e definidos”, afirma Matos. Líderes processuais se atêm a processos definidos e procuram resolver problemas evoluindo metodologias, a partir de um pensamento sistêmico.

      “No mindset desse líder, uma falha decorre muito mais de um problema com processos do que por alguma questão pessoal de um profissional. Para resolver o problema, ele vai tender a redesenhar processos”, explica. É um tipo de pensamento que leva à melhoria contínua, métricas claras e uma excelente organização de trabalho, que busca alta eficiência (entendida como alto volume de tarefas entregues).

      O perigo desse modelo de liderança é uma possível lentidão para mudanças ou para lidar com situações inesperadas, uma vez que o foco está nos processos. Um bom exemplo de líder processual é Taichii Ono, CEO da Toyota e idealizador da metodologia Kaizen.

      4) Executivo

      O líder executivo é aquele que coloca o negócio como prioridade: o foco está em gerar resultados. “Para ele, esse ponto é inegociável e, se for necessário, ele fará microgestão e terá pouca empatia com as pessoas”, afirma Matos. Em um time liderado por um líder executivo, metas e KPIs são essenciais e os números guiam os próximos passos do time: dados são muito mais importantes que opiniões.

      Os grandes riscos de um líder executivo são o foco no desempenho de curto prazo, que pode prejudicar uma estratégia de longo prazo, e uma cobrança excessiva nas pessoas, levando à alienação do time e à criação de um ambiente de trabalho tóxico. “Para líderes executivos, como a preocupação é com a meta, questões como satisfação pessoal ou equilíbrio de vida ficam em segundo plano”, alerta Matos. Um bom exemplo de líder executivo é Jorge Paulo Lemann.

      Afinal, quem sou eu?

      Com certeza você leu as características dos líderes e ficou analisando qual deles é o seu tipo de líder. Para Eduardo Matos, dificilmente alguém pertence a somente um arquétipo: o natural é que seja uma mistura de vários deles. Mais importante do que entender onde você está nesse mosaico, porém, é saber o que fazer com essa informação.

      “Mais do que identificar seu arquétipo dominante, pense em como você se comporta no dia a dia e saiba trabalhar as características de cada um dos tipos de liderança para se tornar um líder melhor”, afirma. Dizer que você é um líder rude porque tem o tecnólogo como arquétipo dominante não é uma justificativa, muito pelo contrário: o caminho correto seria entender os defeitos desse perfil e se preocupar em desenvolver seu lado humano.

      Bons líderes sabem que vão precisar lidar com pessoas diferentes, que terão de entregar resultados. Por isso, procurarão desenvolver mais habilidades para melhorar o relacionamento com pessoas diferentes, entendendo o que funciona para cada liderado”, explica Matos. Para ele, liderança não é um dom, e sim uma atitude que deve ser cultivada. “Tenha a atitude adequada naquele ambiente para que você se torne um bom líder”, recomenda.

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